COM PEGADA SLOW FASHION, CULTIV LANÇA PRIMEIRA COLEÇÃO NO CARTEL 011

A relação de Leandro Hassan com a moda foi feita em fogo lento – da infância na loja da mãe, passando pela adolescência em seus “rolos” com roupas de skate, até o trabalho em marcas como Lost e MCD. Talvez por isso, o slow fashion tenha sido uma escolha óbvia quando chegou a hora de abrir sua própria marca. Agora, passados 10 anos desde o primeiro insight, a Cultiv ganha vida, apostando em uma moda urbana “sem ego, sem pressa e sem guerra”.

A relação de Leandro Hassan com a moda foi feita em fogo lento – da infância na loja da mãe, passando pela adolescência em seus “rolos” com roupas de skate, até o trabalho em marcas como Lost e MCD. Talvez por isso, o slow fashion tenha sido uma escolha óbvia quando chegou a hora de abrir sua própria marca. Agora, passados 10 anos desde o primeiro insight, a Cultiv ganha vida, apostando em uma moda urbana “sem ego, sem pressa e sem guerra”.

Mais que sustentável, a marca busca olhar para toda sua cadeia produtiva, da origem dos materiais à finalização dos produtos. A ideia é manter a qualidade usando o mínimo de solvente ou plástico/poliéster nas roupas. Todas as camisetas, por exemplo são 100% algodão Pima, e as tintas serigráficas são à base de água. Os materiais mistos e sintéticos aparecem apenas em quatro peças. Além disso, as estampas dos bonés e jaquetas, foram todas bordadas à mão pela artista Paula Simões do ateliê “Paula e Ponto”.

“Foram praticamente 10 anos de vontade, 6 meses planejando e 6 meses de mão na massa até chegar o dia de hoje onde estou sendo muito bem recebido pelo Cartel 011”, diz Hassan. Suas peças foram lançadas no dia 1º de agosto na Cartel 011. Abaixo, batemos um papo com ele sobre suas inspirações e expectativas para o futuro da marca:

RUBIROSA: Como (e quando) surgiu a ideia da Cultiv?
Leandro Hassan: A ideia da Cultiv vem de 2004, da crew que eu fazia parte. Mas foi através do meu TCC em 2006 que ele se tornou algo concreto. Vontade de cultivar momentos bons que a cultura skateboard me proporcionou, como amigos, viagens e etc.

Cultiv

RUBIROSA: Quanto tempo passou do surgimento da ideia até o lançamento da primeira coleção, efetivamente?
Leandro Hassan: Isso me incomodou por anos, sempre quis meter as caras, mas sempre dava a desculpa do tempo. Quando pedi demissão, em junho de 2018 comecei a viver de freelas de direção de campanhas e produção de arte. Isso me deu mais tempo para a Cultiv. Foram praticamente 10 anos de vontade, seis meses planejando e seis meses de mão na massa até chegar o dia de hoje, quando estou sendo muito bem recebido pelo Cartel 011.

RUBIROSA: Qual o desafio de fazer slow fashion streetwear?
Leandro Hassan: Assumir que vai ser tudo slow do começo ao fim é difícil de verdade [risos]. Fazer as coisas sem pressa e com respeito sempre foi a ideia, independente do projeto. As pessoas têm pressa de consumir, pressa de uma resposta nas redes sociais, pressa de chegar a liquidação… A Cultiv está se esforçando para ficar de fora dessa. Meio #norush. As coisas vão acontecer com nosso trabalho. É a física.

RUBIROSA: Um dos objetivos da Cultiv é reduzir o impacto ambiental, certo? De que forma a marca se propõe a isso?
Leandro Hassan: A marca acredita que se pode deixar menos rastros de consumo. Não é só reciclando que se resolve o problema. Isso tem que ser feito sim, mas a questão é a geração de demanda. A principal iniciativa até agora são as embalagens e tags dos produtos feitas de papel de algodão e não de plástico. Me incomodava saber que, a cada produto que a marca vendesse iria mais um saco plástico para as ruas. Sim, é mais caro mas é muita arrogância e egoísmo hoje pensar apenas em preço. Temos que saber consumir. A Cultiv conta hoje com um patrocínio da industria de tintas serigráficas Gênesis Tintas que possui certificados ISO 9001/14000/14001. Eles fazem um trabalho muito bom com descarte de resíduos e tratamento de água. Hoje temos uma ótima parceira e estamos conseguindo fazer todas as estampas com tintas à base de água. É mais difícil, mas teimosia nunca falta. O próprio amor pelo algodão Pima tem a ver com esse posicionamento. O cultivo do algodão é feito sem pesticidas e sua colheita é feita sem o uso de máquinas ou fertilizantes sintéticos. Um produto limpo e hipoalergênico. Queremos muito continuar usando esse material, mas vai depender do apoio do consumidor entender o valor e qualidade de consumo.

Cultiv


RUBIROSA: Quais os materiais predominantes das coleções?
Leandro Hassan: O algodão Pima da Dalila é nosso principal material, todas as camisetas e mangas longas utilizam. Fora o Pima temos Poliamida/Poliéster da Focus no windbreaker e Sarja 100% algodão da Vicunha nas peças mais pesadas.

RUBIROSA: De que forma a Cultiv inova a relação com seus fornecedores?
Leandro Hassan: Acredito que ainda não inova, apenas perturba com pequenas quantidades e embalagens que são difíceis de fazer. Mas a Renata Cavaletti da produção é muito atenciosa e da muita moral para os projetos. A forma suave de se exigir as coisas, as cobranças de prazos e o bom senso são a forma que que cultivamos a relação com os fornecedores. Daqui pra frente, pretendemos só melhorar isso.

RUBIROSA: Na prática, como essas posturas impactam o produto final?
Leandro Hassan: O produto final é carregado de emoção. Todos os processos e pessoas que se dedicaram estão presentes no produto. Confecção são muitas etapas e pessoas envolvidas, uma grande loucura. Acredito que a lição de casa foi feita até agora e todos os produtos têm muito suor e histórias boas para contar. O produto carrega a essência da marca focada no design, fotografia, qualidade ao toque e acabamentos.

Cultiv


RUBIROSA: Quais as peças-chave para entender a Cultiv?
Leandro Hassan: Como a coleção é bem pequena, todos os produtos foram pensados pra traduzir bem a Cultiv. Mas o Wind-Breaker, jaquetas de sarja, bonés bordados a mão, miniaturas de concreto com a parceria dos artistas do Skola e a arara de roupa são bem fortes para traduzir a marca.

RUBIROSA: Onde a marca se vê em um ano? E em cinco anos?
Leandro Hassan: Em um ano a marca se vê não só em São Paulo, mas em outros grandes centros do Brasil. Tem muitas pessoas e lojas que almejamos atender. Em cinco anos a Cultiv quer estar viva. Pretendemos continuar trabalhando com o que gostamos e que isso seja nossa fonte de renda – até para parar de fazer freelas [risos].

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